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 Fato de caça submarina

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Cascabulho
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MensagemAssunto: Fato de caça submarina   Fato de caça submarina Icon_minitimeSeg Ago 11, 2008 5:29 pm

O FATO (por Nuno Santos Dias) :

O fato é a nossa segunda pele dentro de agua, pois é ele que nos vai manter quentes permitindo apenas a passagem de uma fina pelicula de agua que fica retida no seu interior protegendo-nos da troca directa de calor com o oceano que nos rodeia além de nos proteger contra agressões directas do meio tais como cortes, vento, queimaduras de anemonas e queimaduras solares, entre outras.

A escolha do fato vai obedecer a varios criterios:

• O orçamento,(este é talvez o factor que mais pesa na escolha do fato).
• A temperatura da água.
• O tempo de permanência dentro de água.
• O tipo de caça que mais praticamos.
• A profundidade a que costumamos caçar.
• A frequência com que o fazemos.

Independentemente destes factores, (com excepção do orçamento é claro), o fato deverá sempre que possivel obedecer aos seguintes critérios:

• O fato para a caça submarina será sempre composto por duas peças: o casaco e as calças, (exceptuando zonas onde a temperatura da agua não o justifique)
• Nunca deverá ser forrado do lado interior com Nylon, Jersey ou Lycra devendo as celulas de neoprene estar em contacto directo com a pele,( podendo no entanto possuir o revestimento “titanizado”,como que referi antes, que lhe trará uma mais valia a nivel do aquecimento mas tambem um acrescimo ao preço. Convém ter em atenção pois este revestimento supostamente permite vestir o fato a sêco, no entanto com o tempo perderá esta capacidade sendo aconselhavél pelo menos o uso de agua sempre que se vestir um fato com esta pelicula interior). Estes fatos sem forro interior vieram a ser conhecidos como “especiais de caça” pois são os mais adequados para esta actividade.
• Outro factor a ter em conta são as entradas de água. Estas devem ser limitadas para não permitir a circulação da agua no seu interior. Sendo assim o fato nunca deve ter fecho.(É de referir que em pessoas já com uma “certa” idade e com excesso de peso o fecho facilita bastante o vestir e despir o fato sendo nestas situações uma mais valia)
• Deve possuir vedantes ou zonas de maior aderência nos punhos, nos tornozelos e em volta da cara.
• As calças não devem possuir alças, isto porque a zona do peito acumulará uma quantidade de agua excessiva que nunca será aquecida pelo nosso corpo na sua totalidade, além de que um fato sem alças é bem mais pratico naquelas horas de aflição em que temos de “ir á casa de banho” bastando para isso subir para uma rocha ou para o barco, desapertar a rabeira e baixar as calças sem ter de tirar o casaco. Como a maioria das marcas ainda não fornece calças sem alças, estas podem cortar-se em casa com uma simples tesoura, um pouco abaixo do nivel do peito, podendo de seguida levar um pouco de cola de neoprene no rebordo para evitar que o forro exterior se comece a descolar nesta zona, ou inclusivé fazer-se um remate com a maquina de cozer usando de preferência para esse efeito linha de Nylon. O uso de um colete em neoprene, (com espessura de 1,5 a 3mm), substitui as alças na perfeição isolando muito melhor e com maior conforto.
• Convem fazer uma chamada de atenção para as costuras. Estas nunca devem passar o neoprene na totalidade pois mesmo que sejam coladas e depois seladas com o tempo deixarão entrar água, (isto não se aplica aos fatos lisos pois estes não possuem costuras).
• Devido ás temperaturas que se fazem sentir na nossa costa o fato deverá ter capucho integrado pois a zona da nuca é uma das areas de maior perda de calor e a protecção que confere em relação ás agressões do meio é essencial nesta zona do corpo.

Findo o capitulo dos “obrigatórios” passo a referir as “mais valias” aconselhaveis que irão tornar o fato mais caro mas sem duvida mais duravel e com melhor prestação :

• Protecções e reforços: As zonas de maior contacto com os acidentes de fundo e logo sujeitas a um maior desgaste e abrasão são sem duvida a zona das nadegas, joelhos, canelas, e a area compreendida entre os punhos e os cotovelos. Num bom fato estas areas estarão reforçadas e em alguns com uma cobertura especial. Os melhores reforços são os de Jersey ou Nylon trançado do tipo Supratex ou Diamond Nylon, entre outros,(o nome do tecido varia de marca para marca), que consistem num tecido bastante elástico e resistente a cortes e abrasões, normalmente com um padrão “ripstop”, (pequenos quadrados trançados que devido á sua malha impedem os cortes de progredir).
• Placa de carregamento: Outro reforço que vale a pena mencionar é a chamada “placa de carregamento” que consiste num reforço da zona do peito onde o punho da arma encosta durante a operação de carregamento. Esta placa não só proporciona uma maior protecção naquela zona de fricção como tambem deve proporcionar um ligeiro aumento de espessura para maior conforto do caçador durante esta operação, em especial quando se quer carregar a arma no ultimo entalhe do arpão, (neste caso quase sempre se apoia o punho no peito pois facilita bastante a passagem da ogiva do primeiro para o segundo entalhe).
• O sistema de presilhas da rabeira: Este não deve ser em Velcro pois este material tem tendencia a deixar de agarrar com o tempo levando a rabeira a soltar-se com os movimentos do caçador. As presilhas em plastico são o sistema mais eficaz podendo apresentar-se em par ou á unidade.
• Revestimento interior: Outra optimização que já foi referida antes consiste num revestimento interior aplicado no neoprene que tem um aspecto metalizado e é conhecido entre outros nomes por “Metallite”, “Bluetermic” , “Biotermic” ou “Titanium”, (todos estes são nomes atribuidos pelas marcas), e que pode reter o calor até mais 30% do que o neoprene simples mantendo no entanto as propriedades deste. Convém referir que o neoprene com este revestimento tem tendência a enfraquecer mais rápido.
• Padrão camuflado: Segundo o fenomeno da irradiação um fato com um padrão exterior claro será obviamente menos quente do que um de côr escura pois absorve muito menos radiação. Fora este critério de escolha do padrão exterior existe, a questão da côr propriamente dita. Antes de mais convêm referir que independentemente da côr ou padrão escolhido este deve ser sempre de tons sóbrios e nunca berrantes ou fluorescentes com o denunciar obvio da presença do caçador que daí possa advir. No inicio da decada de oitenta surgiu o primeiro padrão camuflado num fato de caça e desde então que estes padrões têm aparecido no mercado com as mais variadas cores de acordo com o tipo de fundo em que se cace. Para melhor entender a questão da escolha da côr convem ter um conhecimento geral sobre alguns topicos:

1. A visão policromática: O conceito de visão policromática, (ou simplesmente a cores), é a capacidade que um organismo tem de distinguir um objecto baseado no comprimento de onda que o mesmo emite ou reflecte. Por exemplo, um peixe-cão (Bodianus scrofa), não é vermelho porque emite luz vermelha mas sim porque absorve todas as frequencias luminosas que incidem sobre ele excepto aquelas que denominamos de “vermelho”.
2. A Visão Policromatica nos peixes: A maior parte dos peixes pode vêr a cores, pois a constituição dos seus olhos é semelhante á dos nossos. Tal como nos humanos a retina do olho de um peixe tem dois tipos de celulas receptoras: os cones e os bastonetes. Os cones têm menos sensibilidade á luz mas têm 3 pigmentos diferentes,(azul, verde e vermelho), para responder à intensidade do comprimento de luz incidente e através destes consegue-se uma visão a cores e com detalhes. Os bastonetes têm 1 pigmento, com visão em preto e branco e visão noturna pois são muito mais sensíveis á luz, ou seja, a menor intensidade luminosa é capaz de estimulá-los. Os mecanismos de percepção cromatica estão intimamente ligados a factores evolutivos dos quais o mais proeminente será sem duvida a capacidade de reconhecimento das fontes de alimentação sendo assim, em teoria é natural que os peixes de habitos nocturnos tenham mais bastonetes e sejam menos sensiveis ás cores e os com habitos diurnos maior numero de cones e tenham uma maior sensibilidade cromatica. Outro factor a ter em conta é o pormenor da incidencia da luz solar no meio aquatico que tem um comportamento diferente daquele a que estamos habituados em terra. Um peixe cão á luz de um candeeiro, de uma lanterna ou á luz do dia será sempre vermelho, no entanto debaixo de agua e conforme a profundidade aumenta, este passará a ser castanho e por fim terá um tom acinzentado escuro, isto porque as diferentes cores contidas na luz solar viajam em comprimentos de onda diferentes. Os mais longos são os vermelhos, seguidos dos laranjas, amarelos, verdes, azuis e por fim os violetas. Quando a luz solar atravessa a agua parte da sua energia é absorvida sendo os padrões de ondas mais compridos os primeiros a serem absorvidos, logo os tons mais quentes esbatem-se e vão-se tornando gradualmente acinzentados e escuros conforme a luz penetra na coluna de agua. A côr vermelha é praticamente absorvida na sua totalidade nos primeiros 6 a 8 metros, o laranja vai-se perdendo entre os 9 e os 12, o amarelo entre os 18 e os 21 e o verde e o azul mantêm-se mais ou menos perceptiveis até onde a luz chegar. Por exemplo, o peixe cão evolui normalmente em profundidades na ordem dos 15 metros para baixo, a esta profundidade tem um tom acastanhado escuro e para quem nunca caçou um, após o tiro, quando se chega á superficie e se recolhe o peixe a surpresa é grande pois este animal é de uma coloração vermelho rosado muito viva bastante diferente da cor esbatida que possuia no fundo. A intensidade total da luz tambem é importante pois num dia enevoado a luz não penetrará tão bem como num dia de ceu limpo e ao final da tarde essa mesma intensidade será menor, sendo que a visão dos peixes nestas ocasiões mudará para o uso dos bastonetes em deterimento dos cones pois a visao policromatica deixará de ter tanto efeito nestes casos. Quanto aos peixes do azul, estes têm uma capacidade de definição de côr menos apurada, fazendo um maior uso dos bastonetes em especial para definir contornos de silhuetas á distância pois esta capacidade é essencial á sua sobrevivência.


Basicamente o padrão camuflado terá alguma utilidade em situações muito especificas como a caça á espera e a caça nas algas, onde a morfologia do fundo assim o justifique, no entanto no azul tambem tem o seu interesse. Este padrão resulta no seu melhor em situações de perfeita imobilidade pois a partir do momento em que o caçador se mexe denuncia a sua presença e a camuflagem deixa de ter qualquer efeito. De resto a maioria dos padrões monocromaticos tambem dissimulam de certa forma a silhueta do caçador, embora com menor efeito. É esta a maior vantagem que o camuflado pode ter, pois se a silhueta estiver dissimulada, a identificação do caçador não será tão obvia, deixando o peixe confuso com a impossibilidade de defenir os contornos do ser que se apresenta á sua frente ou até mesmo de o localizar em situações de imobilidade perfeita. No azul a defenição do contorno da silhueta é de importância acrescida, pois é esta capacidade que revela aos pelágicos o tamanho das presas e dos predadores com que se deparam e quanto mais apurada e rapida for maiores serão as hipoteses de sobrevivência logo uma silhueta mal definida permitirá uma melhor aproximação pois o peixe ficará curioso perante a incapacidade de definir com clareza o objecto que se lhe apresenta. Na nossa costa a altura ideal para o uso deste tipo de padrão será a Primavera e o Verão pois a laminária abunda e as aguas estão mais calmas ajudando á imobilidade. Convêm referir que o padrão camuflado não é substituto de uma tecnica de caça apurada e apenas com esta se poderá tirar partido do mesmo.
• Fatos lisos: Para concluir o topico das “mais valias” resta fazer referência aos fatos lisos. Neste caso especifico o mais vantajoso será o liso sem forro em deterimento do liso forrado ou do liso “sandwich” que basicamente consistem na aplicação de um forro em nylon no interior ou entre o neoprene para conferir maior resistência ao mesmo mas anulando-lhe a elasticidade e conforto que os caracteriza. As vantagens dos fatos lisos são:

1. O menor atrito: O neoprene “em bruto” apresenta uma superficie rigorosamente plana, optimizando a penetraçaõ na água e facilitanto a deslocação quando imerso pois o seu exterior é liso, reduzindo o atrito, contrariamente aos fatos com o exterior forrado que retêm agua no tecido.
2. A capacidade termica: Um fato liso sem forro é sempre mais quente que um com tecido exterior da mesma espessura. A textura não retem agua, seca mais rapido e não deixa passar o vento, o que nas deslocações de barco assim como na preparação da imersão á superficie onde as costas estão expostas, é extremamente vantajoso evitando a perda de temperatura por acção do vento. Alem disso, estes fatos “colam-se” literalmente á pele reduzindo as entradas e circulação de agua de forma notavel.
3. O conforto e elasticidade: Os fatos lisos são de um conforto e elasticidade superior devido á ausencia de forro exterior e interior no neoprene. O forro colado ao neoprene acresce-lhe resistência mas retira-lhe bastante elasticidade.Esta elasticidade é maior quanto mais bolhas de gas tiver o neoprene, no entanto convem referir que um neoprene com maior quantidade de gas tem uma resistencia á compressão por parte da pressão atmosferica inferior, factor a ter em conta quando se tem por habito caçar fundo.

Como não há “bela sem senão” os fatos lisos têm uma duração optima inferior e são sem duvida menos resistentes ás agressões do meio, além de requererem atenção constante nas costuras pois são colados e com o uso vão-se descolando nas zonas de maior solicitação e nas zonas onde haja arranhões. Para que não haja dissabores verificar o fato depois de seco e proceder á respectiva colagem é um bom habito a adquirir. Requerem tambem uma atenção especial ao vestir e despir pois é durante esta acção que são mais passiveis de se rasgarem. Para evitar esta situação convém “ensaboar” bem o fato por dentro e por fora tanto ao colocar como a retira-lo. São menos resistentes á acção dos raios ultra violeta e sendo um producto manufacturado, pois não são cozidos á maquina mas sim colados á mão, têm um preço 15 a 20% superior que um “especial de caça” normal. Uma boa opção presente no mercado são os lisos com protecções nas areas de maior contacto com o meio. Mantêm o conforto e elastecidade do liso aliada á mais valia a nivel de resistencia que essas mesmas protecções lhe conferem. Outra combinação usual hoje em dia é o uso apenas de um casaco liso sendo as calças em especial de caça normal com as vantagens obvias que daí advêm não só a nivel de performance como de orçamento.
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